Só você me conhece amor, só você sabe bem quem sou...
Não. Tem nada a ver com a música não. Tem a ver com jeito, com pensamentos, com sensações. Com conclusões.
Quando eu digo que deixei de te amar, é porque eu te amo...
Quando eu digo que sou uma pessoa de baixa manutenção, é porque sei que é muito fácil me fazer feliz. Eu preciso amar, eu preciso ser amada. Mas eu preciso saber que sou. E por saber, leia-se, sentir. Não preciso de grandes surpresas, nem grandes ações, longos tempos junto. Não, é bem mais simples.
Talvez um dos relacionamentos mais rápidos que eu tive foi o que me deixou mais profundas marcas do que hoje entendemos como linguagens do amor (?). O tal tempo de qualidade.
Com ela não tinha muito tempo junto, mas os detalhes me fascinavam. Já falei de uma frase: "quando você chega e deita de bruços, já sei que te terei por pouco tempo". Foi uma frase tão solta no meio do nada, mas indicava perfeitamente uma pessoa que parou pra observar. E tudo bem, esse bem pouco tempo se transformava em muito carinho, em adormecer fazendo cafuné. O pouco tempo junto não era gasto com brigas, com discussões bestas. Até mesmo quando eu estava errada e entrei esperando um olhar seco, uma cobrança, o que veio foi um grande sorriso.
Até bem pouco tempo atrás eu guardava um lacre de latinha que um amigo me deu na faculdade. Um lacre de latinha. Normal, igual a tantos outros. Por que? Pelo "pra você lembrar de mim".
Uma outra pessoa, ao me desejar boa sorte num psicotecnico: "já to até vendo, coçando o nariz entre uma pergunta e outra."
Noutro momento, ao ver uma foto da minha mãe: "não da pra negar que é filha. O mesmo gesto de apoiar o rosto"
Uma fala que nunca saiu do coração: "Essa noite você roncou. E eu gostei, porque é sinal que você dormiu de verdade".
"Por que eu sempre penso em você quando passo por esse lugar?"
Outro fala fofa: "sinto falta até de você levantando 300 vezes pra fazer xixi".
Nenhuma dessas falas vem de um grande discurso, são todas pequenas coisas. Falas insignificantes perdidas em conversas aleatórias. Falas que demonstraram que essas pessoas me observavam. Sabiam gestos meus, coisas que eu falo, faço, comuns, do cotidiano.
Tem um Yoshi que me acompanha no parabrisa, desde o meu primeiro carro. Troco o carro, lavo ele, mas não tiro. O pequeno Davi já dormiu com ele nas mãos em viagem, mas sempre devolveu antes de sair do carro. É um presente caro? De valor monetário, não. Mas é um presente que a mim é muito caro.
Com certeza me tocaria mais um pequeno bombom enviado pelo correio porque não conseguiria me entregar em mãos do que um presente caro.
Tem uma frase de uma amiga que sempre me colocou a pensar: quem quer, dá um jeito, quem não quer arranja uma desculpa.
Eu sou do time que sempre dá jeito.
Sempre dá jeito de você saber que é especial. Seja num comentário daquela foto atoa, seja numa pequena rosa roubada, seja numa passadinha no meio da correria pra deixar um beijo. E é alguém desse time que eu queria por perto. Cansei de fazer demais, de ser demais. Ser especial demais só me trouxe um lugar no pedestal, o problema é que lá em cima é muito solitário.
Não sou essa pessoa especial, não sou nada fora do comum. Talvez seja uma pessoa de outro tempo, diferente desse de pessoas rasas, de relações pensadas. Trato como gostaria de ser tratada. Dou o que gostaria de receber. A diferença é que eu não escondo. Eu não me preservo, eu não me fecho. Talvez devesse, mas não consigo. Acho bem mais fácil uma vida onde não preciso pensar pra agir. Não tenho medo de que ache que eu amo você. Eu amo mesmo.
Entre uma das pausas desse texto, li uma frase que me perturbou.
"O pior luto não é quando alguém morre, mas quando temos que matar em vida alguém que ainda amamos muito. "
Sou de fácil manutenção.
Um dos dias mais felizes foi quando num sábado, 1 da manhã, esqueci de por no modo sono e acordei com uma mensagem. "Hoje foi corrido, nem consegui falar com você." Me senti tão importante que ficar acordada pra conversar aqueles minutos foi uma dádiva.
Sou de fácil manutenção.
Tranquilamente usaria meu tempo livre pra te ajudar. Talvez não fosse de grande valia, me falta talento na sua área, mas me sobra disposição. Entre uma vassourada no chão e uma louça lavada, um beijo mandado, um carinho, um olhar, um sorriso. E, ao final de tudo, só deitado e fazer cafuné até adormecer. Ou, talvez, porque não, o caminho inverso. Você passa o domingo comigo, levanta cedo pra ir direto pro trabalho. Enfim, consigo pensar um milhão de opções pra estar junto. É que eu tenho essa mania de resolver os problemas que me confidenciam.
"Tô passando só pra deixar um beijo" tem um peso tão grande. Onde alguns enxergam pouco tempo, eu vejo um "em meio a correria do dia, lembrei de você. Não tenho tempo pra muito, mas gostaria que soubesse que penso em você".
É... é o que eu chamo de baixa manutenção.
Não é tão fácil quanto parece.
Eu tenho essa mania chata de amar e dar jeitos.
Mas, ao final de tudo, alguém tem que cuidar de mim...
No mais, estou passando pra deixar um beijo.
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