Sempre gostei de frases de impacto.
Se tem uma que eu uso agora na maturidade, é essa: O amor é uma decisão.
E isso parece contraditório pra quem diz "meu coração é dono de mim", e pra aquela outra que muito uso pra me definir: "Sou fiel aos meus sentimentos". Sim, são verdades, as três. E não se excluem.
Explico.
O amor precisa ser nutrido, como uma flor, regado, fortalecido, mantido. Não que ele morra sem os cuidados, mas ele diminui, encolhe, e vai ocupando um lugar cada vez menor na sua vida. Sendo assim, se você nutre, rega, cuida, ele nunca morre.
E como se nutre um amor? Conversa, carinho, presença, companheirismo, amizade. Mesmo distante, mesmo sem se falar, você pode nutrir seu amor, Procurar notícias, procurar saber sobre, imaginar o que está acontecendo, o que a pessoa está vivendo, buscar nas redes sociais, buscar fotos, enfim, toda vez que você procura sobre a pessoa, você nutre o amor que você sente. Claro que por vezes é impossível controlar os pensamentos e estes te levam para esse amor, mas, ai entra a questão da decisão. O amor é decisão. Você decide de vai nutrir ou não.
Todo laço que se quebra passa por um período semelhante ao luto. E, tal qual este, com o tempo, se torna menos dolorido. Você nunca esquece, mas já começa a doer menos. Dessa forma é, também, o fim de uma relação. é um laço que se rompe, sonhos que não irão se realizar, seu mundo que parecia completo, de repente parece vazio. Seus dias faltam algo. Essa sensação vai te atormentar por todo o seu "luto".
Mas o amor é uma decisão.
Com o tempo, você passa a dominar seus pensamentos, e, quando as boas lembranças voltam à mente, você já começa a ter a força de dizer que sim, foi um bom período, guardemos com carinho na memória de um passado, mas tiremos da prateleira da esperança. Nem tudo que você quer com muita força, vai acontecer, apenas e tão somente porque você deseja com muita força.
Há poucos dias ouvi que "se for pra ser seu, volta". E uma tão pequena frase, tirou uma angustia tão grande de mim. Se for pra ser meu, volta. E não porque Deus, a Espiritualidade ou o Universo assim quis. Volta porque a pessoa quis. Porque a pessoa decidiu que valia a pena me amar. O amor é decisão.
Parece muito simples, mas não é.
As vezes, o coração, este pequeno palhaço pulsando dentro do peito, deixa de ser um pequeno instrumento de bombeamento do sangue pelo seu corpo e resolve se meter no amor. Tem vezes que ele se entrega e decide que aquele será o seu amor. Mesmo com todos os erros, com todas as falhas, mesmo com todas as vezes que aquela pessoa te fez de palhaça, mesmo tendo consciência de que aquela pessoa só quer de você o poder sobre a sua vida que você dá a ela, o poder de te querer apenas na hora que ela quer, o poder de fazer com que você abandone tudo e corra pra ela, mesmo sabendo que aquela pessoa nunca se tornará a pessoa que você sonha, o pequeno palhaço bombeador de sangue bate forte, grita, domina e toma pra si a direção da sua vida. E ai, o amor deixou de ser decisão?
Não. O amor nunca deixa de ser decisão. Porque é você quem decide deixar a porta aberta pro passado. Mesmo que o coração grite, berre, se você fechar a porta, deixar de nutrir, esse amor vai encolher. Já cantou Henrique e Juliano: "tem amores da vida que não são pra vida".
Você pode, também, decidir deixar outra pessoa entrar na sua vida. E essa pessoa pode ser tudo aquilo que você sempre sonhou. Você pode ter com essa pessoa o que não teve com mais ninguém na sua vida. Você pode ter todo o carinho e companheirismo que faça você se apaixonar por ela. Mas o amor, ah, esse... esse é complicado. Uma vez eu já disse que acredito sim ser possível amar duas pessoas. E reafirmo, é possível amar duas pessoas. É possível sim duas pessoas que, cada uma a sua forma diferente, complete a sua vida. É possível estar plenamente feliz em uma relação, mas não esquecer dos momentos vividos em outra. é possível, inclusive, viver uma vida dupla, quando está com A, sente falta de B e, quando está com B, as qualidades de A lhe tomam a mente. E ai, a felicidade plena não chega a lado nenhum, nem pra pessoa indecisa, nem pra A, nem pra B. A não ser que todos aceitem a relação a três, mas ai já entra numa outra vertente que, particularmente, não acredito na existência. O amor, real, ele não aceita essa divisão. E o que ama 2 pessoas, nunca amará ambas por igual.
Mas, enfim, você que ama duas pessoas decide viver sua vida ao lado de uma delas. Seja lá qual for sua escolha, a melhor, ou a pior, na visão dos outros. O que realmente importa, é a sua visão.
E você toma sua decisão. Vai fazer aquilo que você acha que é a sua maior vontade. Está feliz, está maravilhado em sua relação, maravilhada com o presente que Deus enviou pra sua vida. É tudo novo, tudo diferente, tudo gostoso. A paixão explode como a primavera. Forte, vigorosa.
É isso que você quer pro resto da sua vida. Essa é a relação que você deseja viver. Essa pessoa é pra você tudo aquilo que você sempre quis e nunca teve. Mas, tem um amor bandido guardado dentro do seu peito. E esse amor te procura, te cutuca. E você, sabendo o que quer pra sua vida, diz não, não e não. Mas, água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Sua vida perfeita tem as estruturas abaladas. Você assim deixou acontecer"
"A gente não manda no coração". Fato. Mas o amor é decisão.
Se você sabe o que você quer pra sua vida, feche a porta. Não deixe o amor bandido chegar até você. Assim, sem contato, sem saber se ele te procura ou não, sem fotos, sem ouvir a voz, sem palavras vazias que você tenta a todo custo acreditar, assim, sem nutrir as ervas daninhas, que são igualmente flores, porque não, mas flores que te trazem espinhos, assim, esse amor vai diminuindo, diminuindo, e aquele seu jardim, que lhe tira os espinhos das rosas, aquele seu jardim vai deixando sua vida mais e mais florida. O que ele é pra você, o que ele faz pra você, quem ele é, isso tudo vai se tornando parte do seu dia-a-dia, realização de um sonho, uma relação construída à quatro mãos, entre vocês e mais ninguém.
Quem vai viver a sua vida, é você. Só você sabe a intensidade da ventania ou a calmaria que deseja viver.
Apenas, se chegou até aqui, é porque, em algum momento, concordou que o amor é uma decisão.
Decida.
Da mesma forma que o amor é uma decisão, deixar de amar também pode ser.