sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Expediente de sexta

Amanha é véspera de Natal, hoje é sexta a noite e você está trabalhando, cumprindo horário por assim dizer.
Todos estão fazendo os últimos preparativos pras festas, e você está atoa.
O telefone não toca. Nem o seu, nem o do trabalho. Você se senta na escadaria de acesso pra ver a rua. A noite acaba de cair. Está fresca. Uma brisa suave lhe acaricia a pele. Você permanece ali sentada na escadaria do velho prédio. Alguns carros passam, pessoas voltam do centro com as ultimas compras de natal. Sentada dentro da sua sala não dá pra ver o movimento calmo, quase melancólico da cidade.
A noite está tranquila, diferente da revolução que estoura em seus sentimentos. Pessoas passam em seus carros e nem ao menos notam que existe alguém sentado ali, que aquela instituição pública está aberta para servir à população.
Você respira fundo, ergue a cabeça e olha o céu. As lembranças da noite passada se confundem com uma esperança pra noite de hoje. Nada de especial programado. Nada programado. Só a esperança boba de um convite aceito que você sabe que não vai acontecer. Um dia? Não. Uma noite? Não. Algumas horas, talvez? Tambem não. Uma hora, ou nem isso. Já tive amores que duraram a vida inteira. E amores que nem chegaram a acontecer.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Consultório médico

Salas de espera em consultórios médicos são engraçadas. E todas iguais.
Invariavelmente ela vai estar lotada, vai ter uma criança impaciente e alguma pessoa que você vai odiar assim que o ver entrando pela porta. Em pouco tempo você se pergunta se o paciente anterior largou pregos ou pó de mico no lugar que seu mais novo odiado sentou, o mala fica dançando o tempo todo na cadeira. É hiperativo, o desgraçado. Pega o celular, fica jogando pro alto e pegando, faz uma ligação, fala de modo que todo o consultório perceba que ele tem negócios a tratar. Finalmente desliga. Coça os braços, costas, pernas, continua dançando na cadeira e sua irritação aumenta. Inconscientemente você começa a rezar para que o mala seja chamado logo, assim todos que estão na sala de espera se livram dele. O pobre celular volta a ser jogado rodando pro alto. Ele cai.
Alguém é chamado, e você percebe que não é o mala quem espera por consulta, ele é acompanhante de alguém. Uma mulher, esposa talvez. Pobre coitada. Ele fala sem parar, como se ela se interessasse em quanto o cara pede pela moto 87 dele, muito mais caro que o valor de mercado. Eles passam a clara impressão que só conversam por conversar quando precisam passar o tempo e não tem nada mais interessante por perto. Você começa a espumar de raiva. Olha no relógio, seu auto presente de natal, 1 hora além do horário marcado, e você está no mesmo lugar desde que chegou. E o mala ainda indignado com o valor que o fulano ta pedindo da moto dele. E a pobre esposa tem uma expressão de quem não tá nem um pouco interessara em motos e valores e tudo o que ele fala, e, principalmente, não compartilha da indignação dele. Ela finalmente é chamada pra consulta, você começa a ver uma luz no fim do túnel, mas finalmente ela se levanta, joga a bolsa no colo dele e sai. Você praticamente lê nos olhos dela a felicidade de 5 minutos de sossego.
O formigueiro sob o atleta aumenta e ele agora dança na cadeira sem parar, fazendo com que todas as outras cadeiras, que são grudadas balancem junto. Você quer matá-lo.
O celular dele continua voando, sua mente começa a arquitetar os mais terríveis planos tendo o chato como vitima. Seu rosto desenha um grande sorriso pensando nas crueldades que sua mente é capaz de produzir. Pena que é só ilusão. Uma hora e meia de atraso pra sua consulta, e o que melhor poderia acontecer, finalmente acontece. A esposa do chato sai da consulta e eles vão embora. E você, bem, você pega seu celular e se concentra em qualquer atividade, ou o primeiro joguinho da sua lista, antes que encontre outro chato que prenda sua atenção, afinal, a figura do chato é tão comum em salas de espera quanto o atraso nas consultas medicas.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O medo e a noite

Para aqueles que sofrem com o fim do ano, do semestre ou que passam por algum problema e parece que à luz do luar tudo se torna pior...
Uma passagem que acabei de ler num romance:

Inspire e expire o ar dos pulmões, bem devagarzinho e tente não pensar em mais nada a não ser sua respiração. Sei que está aborrecida e preocupada, e sei também que essas sensações são ainda piores à noite, pois parece que o escuro tem o poder de aumentar nossos temores. É natural e faz sentido, já que a noite é o oposto do dia... O escuro parece aumentar as sombras à nossa volta e também dentro de nós, roubando-nos a energia e tornando nossos pensamentos mais sombrios. Você vai ver que à luz da manhã seus medos e seus problemas terão voltado ao tamanho que realmente possuem.