quarta-feira, 22 de abril de 2009

A difícil arte de crescer.

Vivemos num mundo cada vez mais exigente e somos expostos a ele cada vez mais cedo, o que nos impulsiona pra uma aceleração do crescimento e amadurecimento, mas o ser humano não evolui na mesma proporção.

E esse, sem dúvida é o maior dos problemas das relações humanas. Diariamente deparamo-nos com expressões do tipo “você é uma criança”, “mentalidade de piá”, “vê se cresce”, enfim, o mundo lá fora nunca está contente com nossas atitudes. E porque isso ocorre? Eu, particularmente acredito que tenha a ver com a super-proteção dos pais.

Parece que jovens que cresceram em cidades maiores, filhos de famílias essencialmente urbanas e das classes superiores têm uma tendência maior ao amadurecimento tardio. Isso pode ser ocasionado por vários fatores como o excesso de presentes como uma forma dos pais se desculparem pela ausência, ambos os pais trabalham fora, ficando a criança aos cuidados de babás ou avós, maior poder aquisitivo leva a um menor índice da palavra não, ou também, a geração de nossos pais viveu um período onde tiveram que lutar pra quebrar paradigmas. A falta de liberdade política, social ou familiar que eles viveram faz com que permitam a nós mais cedo aquilo que não foi permitido a eles.

Aqui são vários fatores a ser analisados. Quando possuem condições, os pais têm uma tendência a presentear mais os filhos, eles podem atender a seus desejos de presentes mais caros, ou até o fazem para não ouvir as birras de criança depois de um dia cansativo de trabalho, isso faz com que a criança cresça mais mimada, desaprendendo a lutar por aquilo que deseja, já que, a maioria dos pais não os educa logo cedo na política de troca do tipo “te dou o presente x se tua nota em matemática for superior a y”. Desse modo, para conseguir o almejado, a criança deve, na pior das hipóteses, fazer birra, gritar, xingar, e tem pais que admitem até que elas lhes batam. “Ok, é apenas uma criança, sem problemas”. Seria assim se aquela criança não passasse a usar os mesmo artifícios fora de casa.

Quando ambos os pais trabalham fora e a criança passa o dia na companhia da empregada, babá ou avós, o problema do não fica ainda maior. Avós são conhecidas por fazerem todas as vontades dos netos, babás e empregadas são vistas pelas crianças como suas empregadas, portanto, não exercem qualquer tipo de autoridade, além do fato de não poder usar ameaças de tapinhas ou os próprios tapinhas porque os patrões nunca vão admitir que se bata em seus filhos.

Quem de nós, pobres filhos vitimas da crueldade de seu pai, num momento de fúria, nunca disse que “quando tiver meu filho, vai ser diferente, vou dar muito mais liberdade”. Nossos pais provavelmente disseram o mesmo aos pais dele, e cumprem essa promessa em nós. Se nós temos a metade dos limites que nossos pais tiveram e prometemos o mesmo, nossos filhos terão ¼ desses limites e nossos netos 1/8, e assim vai até anularem-se todos os limites. Pode ser que nossos avós disseram o mesmo a nossos bisavós, ai estamos na fase do ¼, ou 1/8, enfim, perceba como os limites vêm diminuindo a cada geração. Somamos o fato de muitos dos nossos pais terem vivido o auge da ditadura militar, vivendo, com o fim dela, um desejo de querer “aproveitar” tudo que o sistema proibiu, passando isso aos filhos.

O fator super-proteção é talvez o maior motivo da imaturidade dos jovens de hoje. Com os indices de violência cada dia maiores, nossos pais nos liberam para viver no mundo além das fronteiras de nossos lares cada vez mais tarde, e mesmo quando liberam, estão sempre por perto para qualquer eventual problema. Você não precisa enfrentar os problemas de frente se seu papai ou mamãe o faz por você. E, até quando isso vai se perpetuar? Vejo hoje pais que “resolvem” os problemas dos filhos na família deles, ou seja, com suas noras e netos.

Onde vamos parar?

Quando nossos pais vão permitir que sejamos homens e mulheres? 

Ou somos mesmo essas super pessoas que detém todo o poder sobre a natureza e sobre nossos iguais?

Será que conseguiremos mesmo sempre resolver tudo "no grito"?

Numa próxima postagem exemplifico minhas colocações com fatores da minha educação, assim ninguém pode acusar-me de só ver os problemas dos outros.

Saudações!

Nenhum comentário: