Mas descobri que tenho algumas marcas sim. E elas ainda influenciam em algumas coisas. E foi estranho perceber isso, mas não mais estranho que esperar uma reação e ter outra.
Havíamos combinado de nos encontrarmos no fim da tarde, início da noite. Ainda não sei ao certo como agir pra ser presente e não sufocar, então combinamos que quando fosse pra eu ir, ela me avisaria. Eu estava pronta, mas em casa de amigos. Passei a tarde lá, conversando, rindo, até belisquei uma carninha e ganhei uma cerveja. Uma não, 3, honras da anfitriã.
No início da segunda cerveja ela me avisa que já posso ir. Sabendo que estava 20 minutos mais distante que o comum, avisei que terminaria a cerveja e sairia.
Terminei. Aquela, e outra. O assunto não encerrava, como sempre acontece quando a gente gosta de onde está. Quando olhei no relógio, já fazia mais de uma hora que eu estava terminando aquela cerveja. Assustei. Já comecei a pensar no que falar, como convencer. Assumi que não falar nada era melhor. Depois pensei que talvez ela se preocupasse, afinal, ainda que saísse imediatamente, seriam mais 40 minutos de estrada. Resolvi então avisar que ainda não tinha saído. Estava quase, mas que avisaria pra não se preocupar. Esperando já a bronca que não veio, terminei o assunto e sai.
Fui. Fui correndo. Ja tinha se passado 1 hora e meia do horário que ela tinha me avisado pra ir. E eu estava saindo aquela hora. Fui tentando puxar assunto, medindo o quão brava ela estava. Me avisou que estava preparando umas coisas e que o portão estava aberto.
Já me preparando pra encontrar uma pessoa de cara fechada, brava, querendo me mostrar aue estava brava, preparada pro tanto de acusações que viriam: "você não pensa em mim, estou com fome te esperando. Era só falar que queria ficar com seus amigos, não precisava vir. 1h30 de atraso não é só uma cerveja". Já tinha ouvido tudo mentalmente, e a vontade era fazer a volta e voltar pra casa. Não enfrentar aquele monte de acusações. Mas, afinal, eu não fiz nada de errado. Vamos entrar, conversar, nos entender. E eu vou me policiar pra não fazer isso de novo.
Eis que chego. Estaciono. O portão, de fato, aberto. Entrei, fechei, fui conversar com as cachorras, com os gatos, mostrando que eu tô bem e to feliz por estar ali. A porta aberta, entrei. Fechei. Larguei a bolsa no sofá. Fui devagar até a cozinha, ela estava na pia. Já esperava a tremenda bronca, a cara feia.
Entrei na defensiva, e eu nunca vou esquecer da cara dela virando pra me ver. O sorriso enorme que me recebeu. E o beijo. Um beijo gostoso, íntimo. Não só um selinho. Toda aquela defesa. Toda angústia esperando a briga, e a reação dela foi completamente diferente. Foi um delicioso sorriso....
É... eu tenho alguns costumes do passado que ainda assombram... mas, graças a Deus, tenho uma pessoa completamente diferente, com novas reações pra tudo.
Acho que nunca fui recebida com.um sorriso tão gostoso. E era eu, era por eu estar ali. Me marcou. Não sei se pela espontaneidade do sorriso ou pelo tamanho da briga que eu estava esperando, mas eu ainda fecho os olhos e vejo esse sorriso... feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário