sábado, 11 de julho de 2020

Interessante... ando escrevendo bastante. Gosto disso. A alma inquieta nunca deixou de ser uma constante, mas talvez seja o dia a dia em câmera lenta, o cansaço mental reduzido, sei lá. Tenho tempo.
Havia me esquecido de como é ter tempo. Tempo pra não fazer nada. Pra pensar. Pra formular teorias. Pra escrever.

E andei pensando. Agora me peguei pensando sobre algo que ouvi esses dias: "Você é mais reservada, eu já gosto de postar foto juntinho." Não sei porque, mas isso me voltou à cabeça agora, junto com a célebre frase da Nach, que acho que completa o raciocínio: "Não existe ninguém perfeito. Existem pessoas que tenham os defeitos certos".

Relacionamento é muito mais que escolher pessoas num cardápio com fotos e uma breve discrição.

Suponhamos que você vá comprar um carro novo e dinheiro não é problema. Você chega na concessionária e seleciona modelo, motorização, cor, opcionais. Pede tudo e eles vão pondo. Ao melhor estilo macarrão do Spoletto.

Mas você não pode chegar numa loja e escolher quais opcionais vão equipar a pessoa por quem você vai se apaixonar. "Quero uma morena, estatura mediana, corpo esbelto, carinhosa, cheirosa, que goste de tudo que eu gosto..." tá, já ficou chato.

Relacionamento é muito mais sobre o que você não gosta do que sobre o que você gosta.

Costumo dizer que algumas pequenas coisas se muda. Costume, manias. Mas caráter, personalidade, isso não se muda. Você pode até alterar por um tempo, mas sempre vai deixar que seu antigo eu venha a tona, porque não é o que você faz,  é o que você é!
Eu sou reservada. Sempre fui. E provavelmente sempre serei. Faz parte da criação, do que eu acredito, ou simplesmente do jeito mais fechado de ser. Mas não é o que eu faço, é o que eu sou.

Relacionamento trata-se muito mais de observar os defeitos que as qualidades.
As qualidades fazem você se apaixonar. Os defeitos vão gerar atrito.

Cabe somente a você observar os defeitos de quem está ao seu lado. E se perguntar: posso conviver com isso? Quanto me incomoda? Isso é traço da personalidade ou só um costume?
Falar palavrão é costume, dá pra tentar arrumar. Ser reservada é traço da personalidade. Falar palavras não é quem eu sou. Ser reservada é.

Imagino que, por isso,  há tantas brigas entte casais. As pessoas escolhem apenas as qualidades. Claro, é o que salta aos olhos. Funciona pro casual. Mas na hora de pensar em relacionamento, a pergunta deve ser: "Eu posso conviver com esse traço de personalidade dela?" Se a resposta for afirmativa, essa pessoa tem os defeitos certos, aqueles que você está disposto a conviver pra ter ao seu lado todas aquelas qualidades que te chamaram a atenção.
Se a resposta for negativa, "não, não posso abrir mão disso, isso é muito importante pra mim", aceite um conselho, evite brigas futuras, não vale a pena. Você não gosta do todo, só da metade. Seres humanos são inteiros, com qualidades e defeitos inseparáveis.

E aí,  o que você está disposto a superar? Com qual traço desconfortável meu você pode conviver?


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