
Andar sem rumo, sem saber aonde ir. Procurar comer, enganar o estômago com qualquer besteira. Primeiro lugar, muito cheio, segundo, fechado, terceiro, entra, senta, pede o cardápio.
Não voltar pra casa, esse é o único desejo. Resolve fotografar prédios históricos. Não saber pra onde ir, não saber o que fazer, apenas querer andar, buscar a paz de lugares estranhos.
Entra numa igreja, um grupo reza de joelhos num canto. Senta-se num banco, ao lado de um altar, alguém lhe havia dito que é a Santa Padroeira da Polônia. Sozinha, agora, o lugar lhe parece acolhedor. O grupo de senhoras e senhor lhe trás lembranças da infância. Avó e avô que já se foram. Os olhos ameaçam chorar, chegam a ficar marejados, mas não derrubam uma lagrima. Saca seu celular, lembra de pô-lo no modo silencioso, em seguida bate fotos, do altar principal a sua frente, dos secundários a sua volta. Levanta-se e sai.
Anda pela cidade, ainda no clima de imersão em sua própria personalidade. Ao atravessar uma rua, avista, ao longe, os muros do cemitério. Sem explicação, sem lógica, é tomada por uma vontade de andar por ali. Caminhando na direção do portão é lembrada por um segundo eu que tem medo daquele lugar. Promete-se ser um oi a uma “velha conhecida”, entrar por um lado, sair por outro, no entanto, ao entrar toma direção contraria, anda por meio a túmulos, não sente medo, parece estar entreamigos, se imagina entre os seus. Tira fotos de jazigos estranhos, que surpreendem pela beleza, pela antiguidade, por escritos, pela exuberância. Passa dar seu “oi” para a tia Victória, “sorria para a foto tia”. "1985, tia Victória deixou este espaço antes de você nascido".

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