quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Eu hoje vi um passaro

Não era um pássaro comum de cidade, era maior, parecia um pássaro da área rural perdido no meio da cidade grande.
Ele voava sozinho, na imensidão do céu, parecendo ignorar o mundo ao redor, ia sozinho em busca de um horizonte.
Quantas vezes não me sinto como tu, passarinho, que voa sozinho nesse mundo imenso, que cruza o céu da cidade grande sem ser notado. Assim como eu, tu, passarinho, não era pequeno, não era uma pomba ou pardal, não sei tua espécie, mas era grande, não sei minha espécie, mas sou grande.
Com certeza, assim como eu, da minha varanda o notei, e você nem sentiu minha presença, alguém me nota e eu não sinto, às vezes até sinto, mas tem hora que não é suficiente. Sentir a presença dentro da ausência é uma das tarefas mais difíceis que a vida nos força a realizar. Sentir a saudade doer tanto a ponto de fazer o chão se abrir sobre seus pés, sentir que já não tem força pra continuar, e não ter outra opção a não ser continuar.
A estrada da vida não é tão confortável quanto algumas rodovias. Ela não possui áreas de descanso, hotéis e postos. Se quer possui banquinhos para descanso. Você não tem a opção se sentar-se e ver a vida dos outros passar, você não pode apertar o pause e voltar quando se sentir melhor.
É passarinho, assim como você, eu não posso parar de bater minhas asinhas, assim como o seu, meu vôo é alto, a queda seria devastadora. Passarinho, de onde tira força pra não desistir? De onde vem a garra pra não deixar de voar?
Eu hoje acordei querendo minha casa, minha mãe, meu pai, meu irmão, meu vovô... Tempos bons aqueles em que eu via filme de terror, imaginava os monstros no meu quarto, chamava pela minha mãe, ela vinha me buscar pra dormir, primeiro entre papai e mamãe na cama, depois, quando maior, ela vinha me buscar e buscar meu colchão... bons tempos... um grito de socorro hoje, não chegaria até ela, meus monstros de hoje, não iriam embora apenas dormindo entre meus pais, meu monstro se chama responsabilidade de crescer, e esse nunca mais vai me abandonar...

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